quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Tema: II Semana Fluminense do Patrimônio Cultural


Evento:  II Semana Fluminense do Patrimônio Cultural
Período do Evento: 23 de Agosto de 2012
Coordenação: SEMED e IPHAN
Local :  Teatro Municipal Dr. Átila Costa - Rua Francisco Santos, s/n°, bairro Nova São Pedro - São Pedro da Aldeia
Relatório de Atividade Cultural

O evento teve como tema “Mestres Sabedores da Cultura Popular” e reuniu alunos e convidados no Teatro Municipal Dr. Átila Costa. Na entrada do Teatro, estava organizado vários trabalhos de algumas escolas públicas. Participaram do evento as escolas municipais José Guimarães, Francisco Paes de Carvalho Filho, Ignácio Rangel e a E.M. Integrada. Cada unidade escolar ficou responsável em desempenhar uma tarefa, que foi desde entrevistas até trabalhos com ervas medicinais.
Essas Unidades Escolares foram escolhidas devido a proximidade que as mesmas têm em reação à pesca na cidade. Os trabalhos eram organizados em pequenas mesas; a primeira escola confeccionou maquetes sobre alguns Pontos Históricos da cidade; a segunda, realizou uma pequena demonstração das ervas medicinais comuns da cidade, havia chás e folhas secas, além de cartazes com explicações sobre a função de cada erva. A terceira escola, abordou o tema sobre a Pesca na região.
Dentro do teatro, no telão estava exibindo um curta metragem sobre as Salinas; neste curta, o salineiro estava explicando como é realizado o trabalho nas Salinas. Um ponto importante a ser abordado, é que ele interagia com o público, questionando os mesmos sobre a importância das Salinas na história da cidade de São Pedro da Aldeia. O senhor Altir José de Souza  afirmou que podia não ter o mesmo estudo que o público presente, no entanto, sabe que o sal está pronto para ser retirado a partir dos 25 graus de salinidade, se o tempo estiver com o sol firme e o vento na direção Nordeste.
 Logo após a exibição do curta, foi chamado ao palco algumas pessoas que possuem grandes conhecimentos sobre os saberes antigos da região; dentre eles, estavam  uma Rezadeira e pescadores,  que mostraram aos alunos aldeenses a importância de valorizar a nossa história, apesar da evolução da sociedade, unindo os “saberes” antigos com o mundo atual.
O primeiro a falar, foi o pescador Wilson Luís, ele explicou que atualmente não existe pescadores, e sim matadores de peixes, pois eles não sabem preparar uma canoa, reconhecer um cardume, entre outros. O pescador brincou com a plateia, nos perguntando com "Quantos paus se faz uma canoa", ninguém soube responder, então ele disse que se faz com apenas uma.
O Senhor Wilson, fazia barco desde jovem, o primeiro que o mesmo fabricou, foi sem nenhuma instrução, ele não sabia como fazer, mas depois que o primeiro barco estava pronto, ele não parou mais. Conseguiu criar três filhos  com o dinheiro que ganhava da pesca, porém atualmente, ele afirma que não há possibilidade da pessoa se sustentar com a pescaria.
O pescador relatou que as pessoas não querem saber de nada, não procuram conhecer a história da região. Se ele morrer, todo o conhecimento que ele adquiriu, acaba, ninguém mais sabe fazer barco. Ele usa Jequitibá, primeira canoa feita na região foi com essa madeira, é uma das madeiras mais resistentes, com duração mínima de 150 anos; Pequi do Pará, madeira ruim, para fazer uma canoa; Cedro, que atualmente é proibida sua extração.
O pescador Wilson explicou também como pescar animais grandes. Ele já pescou tubarão, baleia, com mais de 8 toneladas, com linha retinada e anzol bem grande. O tubarão engole a isca e fica puxando por algumas horas até se cansar, então o pescador o amarra e arrasta o peixe até o porto.
Em seguida o estudante Mateus Silva e seus amigos foram contar uma história sobre um pescador que pescou uma Tainha de 4 kg e 900 gramas e que não espera encontrar outra assim. Logo após a bela  apresentação dos alunos, o pescador responsável pela pesca artesanal na Baleia, Mário Pescador, nascido e criado na cidade. Possui uma linda história que aos 67 anos voltou a estudar e com muita batalha, criou os filhos da pescaria. Ele afirma que quando era mais jovem, a Tainha possuía mais de 2 kg e atualmente é difícil encontrar uma que tenha 400 gramas. Os culpados são os próprios pescadores, que matam a lagoa. Pescam com rede de arrasta e não se preocupam com a quantidade de peixes que possuem na mesma. 
Os pescadores afirmaram que antigamente a pesca oferecia para as famílias, oportunidades de viver bem, atualmente, isso não ocorre mais. Muitas pessoas que trabalham com a pesca atualmente passam necessidade. Eles têm uma opinião muito interessante, que a pesca deveria ser proibida por um tempo na lagoa, pelo menos por uns três meses, para que os peixes voltem a nascer novamente e se recuperarem.
O problema na Lagoa é um assunto que afeta não somente os pescadores, mas toda a população, foi muito importante ter este assunto abordado no evento, que reuniu muitos jovens, que poderão lutar pela melhora da lagoa. O Senhor Mário Pescador fez um apelo aos alunos que estavam presentes no Teatro para lutar pelo que é nosso, não poluir e não permitir que outros poluam também.
Logo após, foi iniciada as perguntas, um estudante questionou os pescadores, em relação ao descuido que os mesmos tinham e ainda tem atualmente com a lagoa, por não esperarem um tempo certo para pescar. Eles confirmaram, e afirmou que se eles tivessem mais cuidado, ainda haveria peixes na lagoa, relatou ainda, que deveriam dar um tempo nesta atividade, para que haja uma recuperação maior. Eles explicaram que existe a Defesa, que ajuda o pescador nas épocas em que a pesca é proibida, então o governo proíbe a pesca e eles pagam um salário neste período para que as famílias possam se manter.
Um aluno perguntou para o Senhor Mário Pescador, se a pesca é difícil, ele afirmou que é fácil a partir do momento em que a pessoa fica olhando o pescador fazer. Outra menina perguntou para ele, como o mesmo se sente matando peixes; esta questão foi bem forte, porém acredito que foi muito importante de ser feita, principalmente por que está havendo uma reflexão de que os peixes estão acabando, logo, os pescadores presentes no evento possuem uma parcela de culpa nessa realidade. O pescador respondeu à pergunta com um pouco de humor, relatando que ele não mata peixe, mas o animal que vai para a rede, porém ele precisa fazer isso pois é a profissão que o mesmo escolheu. Outra pergunta foi em relação a quais os peixes que ainda existem na lagoa, eles afirmaram que podem ser encontradas Tainhotas, Carapeba, Sardinha tinha, porém não tem mais.  
Em seguida, a aluna do Francisco Paes de Carvalho Filho, Ana Beatriz mostrou ao público as ervas medicinais existentes na região, como arruda, aroeira, louro e canela. Além disso, elas apresentaram suas principais funções.
A próxima palestrante a se apresentar, foi a Idê Democina Gonçalves, rezadeira mais antiga do bairro Flexeira, tem 70 anos e possui um Centro Espírita. O público fez muitas perguntas sobre a religião da mesma. O sociólogo presente também participou, porém houve um pequeno equívoco em sua fala, onde ele afirmou que há religiões em que os seguidores precisam dar dinheiro, falou que o certo é olhar o que está na natureza, sobre o que as pessoas têm de conhecimento, ou seja, os saberes acumulados. Ficou expresso que ele estava contra o Evangélicos, o que não deveria ocorrer, já que o mesmo deveria ser neutro em relação a qualquer opinião, porém neste momento, ocorreu um pequeno desconforto, onde o público presente começou a defender sua religião. 
Foi uma situação muito ruim, pois muitas pessoas começaram a discutir, outras resolveram sair do Teatro, esse momento prolongou-se por bastante tempo. Para dar um fim ao tumulto, um dos responsáveis pelo evento, perguntou para os presentes sobre o tema "Religião na escola, os profissionais da educação estão preparados para se relacionar com pessoas de diferentes crenças?" A resposta que eu observei, é que ainda existem muitas pessoas que não conseguem lidar com diferentes religiões, uma prova, é o tumulto que ocorreu com a presença da Senhora Idê Democina Gonçalves; que ao relatar curiosidades sobre sua religião, fez com que muitas pessoas discordassem.
Apesar de todos os fatos, a Senhora Democina buscou ressaltar novamente a importância do respeito com as religiões. Ela relatou que as pessoas mudam muito de religião e que ela não se incomoda com isso; porém o respeito deve existir. Algumas pessoas de outros segmentos religiosos costumam desrespeitar a religião dela. Ela afirma ainda, que o mundo é grande e tem certeza que cabem todos os credos. A Senhora não trabalha com recompensas, pois o que ela prefere receber é a satisfação das pessoas com o bem que é feito.
Foi apresentado outro curta metragem, onde foi ensinado como pescar e preservar o meio em que vivemos. O evento foi finalizado com algumas perguntas sobre a pesca, para que assim todas as pessoas presentes, pudessem conhecer um pouco mais sobre a história da cidade e assim, o evento alcançar o objetivo que é resgatar o Patrimônio Histórico da nossa região.

Algumas Imagens:





Nenhum comentário:

Postar um comentário